domingo, 29 de junho de 2008

MILÍCIAS CHEGAM À ZONA SUL


Disputa entre grupos clandestinos de segurança preocupa moradores da Zona Sul



Grupos concorrentes de vigilância ilegal já começaram a disputar territórios na Zona Sul, a área mais nobre e bem policiada da cidade. Em alguns casos, chegam a promover roubos e furtos nas áreas rivais que pretendem controlar, diz Frederico Câmara, presidente do sindicato de empresas regularizadas de segurança privada, o Sindesp.
" A milícia é um agravamento desse tipo de segurança, desse bico do agente do Estado onde existe vácuo de poder "

A acelerada expansão da atividade clandestina, com a cobrança de colaboração em dinheiro por cartas, vem deixando moradores amedrontados. Na 13ª DP (Copacabana) e na 10ª DP (Botafogo) há registros de denúncias de práticas que lembram a atuação de milícias. Autoridades e especialistas alertam que, se o problema não for enfrentado, a segurança ilegal poderá reproduzir, na Zona Sul, os mesmos métodos que originaram as milícias na Zona Oeste.
- A milícia é um agravamento desse tipo de segurança, desse bico do agente do Estado onde existe vácuo de poder. Parte das milícias surgiu dessa forma: eu faço o bico, convivo onde moro com criminosos, com a violência, assumo a segurança. Agora começou também a se desvirtuar, a se expandir - diz o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), delegado Cláudio Ferraz.
O Sindesp estima o crescimento da atividade ilegal de vigilância em 22% ao ano - superior aos 18% das firmas legalizadas. Só na Zona Sul, segundo o presidente da entidade, a segurança clandestina já fatura igual às firmas legalizadas: cerca de R$ 6 milhões por mês. Os ilegais, de acordo com Câmara, tanto podem usar coletes com a palavra "apoio" como circular sem qualquer identificação.
" Primeiro seguranças clandestinos disputaram espaço com firmas legalizadas. Agora já há grupos ilegais diferentes buscando as mesmas áreas "

- Primeiro seguranças clandestinos disputaram espaço com firmas legalizadas. Agora já há grupos ilegais diferentes buscando as mesmas áreas. Recebemos informações de sinistros relacionados a seguranças não legalizados querendo boicotar o serviço de outros - afirma Câmara.
Moradores de Copacabana já constataram a disputa por territórios. A Associação de Moradores e Amigos dos Postos 2, 3, 4 e 5 registrou queixa na 13ª DP reclamando da atividade de seguranças clandestinos no entorno da Rua Cinco de Julho. Segundo diretores da associação, a vigilância ilegal estaria aumentando sua área de influência para lucrar com o serviço prestado.
- Calcule o valor arrecadado por rua. Isso explica por que os seguranças estão se expandindo e disputando espaço - disse uma moradora de Copacabana, que pediu para não ser identificada.

Um comentário:

Cristina Reis disse...

Navegando pela Internet deparei com o interessante site A CIDADE SANGRA. Até porque é um dos poucos blogs que fala sobre o assunto que atualmente nos preocupa devido ao aumento das tais seguranças privadas que começam a se instalar na zona sul. Especificamente, o bairro de Copacabana, fiz a denúncia para o Jornal Globo e ao Ministério Público. E não deu em nada. Ninguém considera que no bairro de Copacabana se faz milícia, mas sim, a segurança patrimonial ou privada. Mesmo que seja um policial uniformizado. Bater no camelô porque entrou em uma rua que não devia, é o que? O moleque que é um faz de tudo e conhecido pelos porteiros, moradores e os comerciantes da área e os tais seguranças encontra-o dormindo na rua, e mete um porrete na cabeça, é o que? Uma liderança que tira fotos das incorreções do bairro, e ai o policial, revista a sua bolsa, a coloca em uma sarjeta, espremida entre uma banca de jornal e um carro de passeio, intimidando-a por 1 hora, é o que? Enfim...
Mesmo que seja o policial ou a GM prestando o serviço aos estabelecimentos comerciais, inferninhos e farmácias. É o que?
Eu, pessoalmente fui exposta as muitas situações. E dentre elas, mesmo com toda a autorização e o caminhamento aos órgãos públicos sobre o edital para fazer a eleição da entidade associativa em frente a uma galeria. O responsável da galeria queria tirar-nos a força do local mediante a ameaça aos GM e ao policial. "Não lhes pago, tirem esse pessoal daí!"
Pergunta se saímos. Claro que não.
O que fica é a preocupação, que os advogados falam muito, o Estado Democrático de Direito, um nome pomposo, mas que infelizmente está começando a correr risco.