terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Rio deixa Zona Oeste sob o jugo das Milícias


Rio “esquece” zona oeste, dominada por milícias e tráfico, no 3º ano da política de UPPs

Cronograma de instalação de UPPs segue lógica de segurança para Copa e Olimpíada


Rio, 20/12/2011 - Enquanto o ano de 2011 foi marcado pelo sucesso da ocupação da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, e pela instalação de seis UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), na zona norte e região central da cidade, a zona oeste permaneceu como reduto de diversas milícias e base da facção que perdeu menos território com a pacificação.

Para especialistas em segurança pública ouvidos pelo R7, após análise do mapa de implantação da política de UPPs que completa três anos neste mês, a zona oeste não deve ser o foco do programa até o governo organizar as regiões do Rio essenciais para receber a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

O antropólogo e ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) Paulo Storani diz acreditar que o Estado não fugirá do combate às milícias – grupos armados controlados por integrantes de instituições de segurança pública para prática de extorsões. Para ele, a milícia será o problema da década, mas o governo do Rio precisa antes atender a compromissos que assumiu para ser a sede de eventos internacionais.

- Não há recursos para ações simultâneas por toda a cidade. Por isso, a escolha das próximas UPPs depende da visibilidade perante a população e do cumprimento de protocolos de segurança para a Copa e Olimpíada. Por enquanto, a Polícia Militar deve realizar operações sistemáticas contra o narcotráfico e a milícia.

Veja fotos de casos envolvendo milicianos

Para o cientista político Ricardo Ismael, do departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, o cronograma da pacificação também leva em conta motivos eleitoreiros.

- O governo começou a pacificar pela favela Santa Marta, na zona sul, pois serviu como um cartão de visita durante as eleições para governador. A partir do Alemão e da Rocinha, é possível ver que o que foi feito foi uma questão de urgência para os próximos eventos esportivos. No entorno do Maracanã, por exemplo, foi feito um cinturão de segurança. 

Ambos os especialistas apostam no complexo da Maré, na zona norte, como a próxima localidade a ser ocupada por forças de segurança. Além da posição estratégica próxima às principais vias da cidade - avenida Brasil e linhas Vermelha e Amarela - para escoamento de drogas e outras atividades criminosas, o conjunto de favelas está perto do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão).

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    Disque-Denúncia: informações sobre milícias crescem 45%

A Secretaria de Segurança Pública não divulga a ordem de instalação das UPPs, mas a previsão é de que o Estado tenha 40 unidades até 2014 – ou seja, mais 22 nos próximos dois anos. Duas comunidades da zona oeste já entraram para o programa de pacificação: a Cidade de Deus e o Batan – esta última era área de milícia e recebeu a atenção do governo após uma equipe de reportagem do jornal O Dia ser torturada.

O Batalhão de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, que tinha a Cidade de Deus como local mais violento, registrou queda acentuada de homicídios após a chegada da UPP, em 2009. Entre janeiro e julho de 2008, foram 74 mortes registradas. No mesmo período de 2011, foram 31 homicídios, redução de 58%. A diminuição das mortes em confronto com a polícia também chama a atenção. Nos primeiros sete meses de 2008, foram 24 autos de resistência. No mesmo período deste ano, foram apenas dois casos, queda de 92%.

Segundo a secretaria, um estudo está reavaliando a distribuição de efetivo da Polícia Militar para reforçar o combate à milícia e ao narcotráfico na zona oeste. Além disso, a Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais), delegacias distritais e batalhões têm trabalhado de forma estratégica contra a proliferação desses crimes, segundo a Polícia Militar.

Entre os 624 milicianos presos de 2006 até outubro deste ano, 214 eram agentes ou ex-agentes do Estado, como PMs, policiais civis, bombeiros, integrantes das Forças Armadas, da Guarda Municipal e da Polícia Federal, o que corresponde a 34% do total. Um era deputado estadual e sete, vereadores. Os outros 402 eram civis.


Por: Gabriela Pacheco
Colaborou Marcelo Bastos
Foto: Alexandre Vieira/Agência O Dia/19.11.2011 (Milícia na zona oeste - carro alvejado - 9.11.2011. Ex-PM foi morto em novembro em Santa Cruz, na zona oeste, após ter o carro atingido por cerca de 50 tiros de fuzil

Fonte: R7

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Guerra no Brasil: mais de 1 milhão de homicídios em 30 anos





Brasil tem mais de 1 milhão de homicídios em 30 anos, diz pesquisa.
Taxa de assassinatos por 100 mil habitantes cresce 124% no período.
Mapa aponta 'interiorização' das mortes violentas a partir de 2003.





tabela mortes estudo homicídios brasil (Foto: Reprodução)
Tabela divulgada no estudo (Foto: Reprodução)
Mais de 1 milhão de pessoas morreu vítima de homicídios no país nos últimos 30 anos, aponta o Mapa da Violência 2012, elaborado com base em informações do Ministério da Justiça e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. (baixe a íntegra do arquivo em PDF, em 7 MB).

As mortes violentas passaram de 13.910 casos registrados em 1980 para 49.932 em 2010. No total foram 1.091.125 assassinatos. O aumento, em termos de números brutos, nas últimas três décadas chega a 259% - 4,4% de crescimento anual.
Considerando a variação da população, o índice de homicídios por 100 mil habitantes passa de 11,7 em 1980 para 26,2 em 2010. Um aumento de 124% no período ou 2,7% ao ano, informa o levantamento.
De 1980 a 1985, houve um crescimento acelerado de assassinatos nas capitais e regiões metropolitanas, que passam de 17,9 para 40,1 homicídios para cada 100 mil habitantes no período. O crescimento nas capitais nestes 15 anos chega a 123,8%, ou cerca de 5,5% ao ano. As mortes no interior crescem 55,9% no período - 3% ao ano.
Entre 1995 e 2003, aponta o estudo, o aumento na taxa de homicídios nas capitais é de 9,8% (incremento anual de 1,2%). Já no interior a marca cresce mais - 41,4% nos oito anos - cerca de 4,4% anual.
Nos últimos sete anos, o levantamento percebe uma tendência de queda na taxa de assassinatos registrada nas capitais e um aumento contínuo da mesmo no interior. Enquanto que, nas grandes cidades a taxa passou de 44,1 em 2003 para 33,6 em 2010, nas cidades do interior houve um crescimento, passando a média nacional de 16,6 em 2003 para 20,1, em 2010.
“O interior, que antigamente era uma ilha de tranquilidade, deixou de ser. Estes novos municípios, principalmente que viraram polos de crescimento, também estão virando polos de criminalidade”, afirma o pesquisador. “Temos que pensar em políticas públicas que pensem em tratar o aumento da violência nas cidades do interior, principalmente em zonas de fronteira”, acrescentou Waiselfisz.
Ele também destacou que a criminalidade e as mortes estão migrando para o interior devido ao crescimento da repressão e do reforço na segurança pública e no policiamento nas capitais e regiões metropolitanas.
Dados de 2010
O índice de homicídios caiu no país no ano passado, passando de 27 casos por 100 mil habitantes em 2009 para 26,2 em 2010. Em 2008, a taxa ficou em 26,4.
Quando se analisa o ranking por estados, Alagoas lidera o ranking da taxa de homicídios em 2010 - foram 66,8 casos por 100 mil habitantes. Em seguida estão os estados de Espírito Santo (50,1), Pará (45,9), Pernambuco (38,8) e Amapá (38,7). Santa Catarina foi o estado que registrou o menor índice no ano passado (12,9).
Já dentre as capitais, Maceió aparece como a mais violenta: foram 109,9 homicídios/100 mil habitantes em 2010. Em seguida estão, João Pessoa (80,3), Vitória (67,1), Recife (57,9) e São Luis (56,1).
O município baiano de Simões Filho, com média de 146,4 homicídios por 100 mil habitantes nos últimos três anos, encabeça a lista quando o critério são as cidades com mais 10 mil habitantes mais violentas. Na sequência estão Campina Grande do Sul (PR), com taxa 130, e Marabá (PA), com taxa 120,5.
Segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de Pesquisas do Instituto Sangari, o nível epidêmico de homicídios considerado pela ONU é 10 mortes por 100 mil habitantes.
mortes estados estudo homicídios (Foto: Reprodução)

Ranking da taxa de mortes por estado, em tabela divulgada pelo estudo (Foto: Reprodução)
ranking mortes capitais estudo homicídios (Foto: Reprodução)
Ranking da taxa de mortes violentas por capitais, conforme o Mapa da Violência (Foto: Reprodução)

Fonte: G1

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Milicias de São Gonçalo e Niterói tem como alvo o Deputado Marcelo Freixo

Milicianos de SG e Niterói planejavam matar deputado

De acordo com relatório da Subsecretaria Estadual de Inteligência, milicianos de São Gonçalo e Niterói planejavam matar o deputado estadual Marcelo Freixo. O crime teria sido planejado num escritório de agiotagem, no centro de Niterói, e foi denunciado um dia antes do deputado viajar com a família para o exterior, no final de outubro.

De acordo com o relatório da Subsecretaria de Inteligência obtido por O SÃO GONÇALO, os responsáveis pela ameaça seriam dois milicianos - um deles policial civil - que estariam aterrorizando moradores dos bairros Caramujo e Santa Bárbara, em Niterói, e no Gradim, em São Gonçalo.

A denúncia anônima sobre a sétima ameaça de morte, em outubro, informou que os dois bandidos estariam obrigando os moradores dos bairros de São Gonçalo e Niterói a guardar armas (entre elas revólveres, pistolas automáticas e semi-automáticas) da milícia.

Eles também estariam planejando a morte do parlamentar há dois meses. Os ‘pistoleiros’, que seriam contratados para a execução, depois de efetuar o ‘serviço’ iriam se esconder na casa de um morador no Colubandê, em São Gonçalo.

Os dois milicianos teriam o costume de ficar no escritório, no centro de Niterói, em horário comercial. Eles teriam ligação com a milícia que atua no centro do Rio.

Retorno - Marcelo Freixo voltou ao Brasil no último dia 16 de novembro e logo retornou às atividades na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde deu prosseguimento a CPI que investiga o tráfico de armas, munições e explosivos no estado. De acordo com o deputado, a decisão de deixar o país foi exatamente impulsionada pelas sete ameaças de morte recebidas em outubro.

“As últimas ameaças foram atípicas, pois tinham muitos detalhes, com nomes de policiais e de seus batalhões, que poderiam ser contratados para me matar. Percebi que o melhor era passar esse tempo afastado, até porque minha família também merecia. Viajei com a passagem de volta marcada, pois tenho muito trabalho no Rio, como a conclusão da CPI do Tráfico de Armas, em dezembro”, disse Freixo, que teve uma reunião com o secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

“Pedi para que as informações sobre as ameaças de morte sejam analisadas, para que o combate às milícias continue. São muitos detalhes que podem contribuir para combater esse crime”, afirmou.

Em 2008 - A CPI das Milícias, concluída em 2008, teve 20 denúncias sobre grupos de milicianos em São Gonçalo e Niterói, sendo quatro áreas dominadas pelos criminosos. No território gonçalense, os milicianos estariam presente nos bairros Jardim Catarina e Rio do Ouro, com exploração irregular de serviços como cobrança de segurança de moradores, de comerciantes e de motoristas de vans. Em Niterói, os crimes seriam os mesmos, sendo cometidos no Centro e na Ponta da Areia.

De acordo com Freixo, as denúncias foram feitas em 2008 e ficou a cargo da Polícia Civil investigar. “A CPI foi fechada em 2008 e não posso afirmar como está a situação atualmente. As denúncias foram feitas e devem ser investigadas”, disse o parlamentar, que sofreu mais duas ameaças de morte em novembro.

Relatório mostra ação das milícias na região

- Niterói: No período de 30/06/2008 a 31/10/2008 o Disque Milícia recebeu cinco denúncias relacionadas ao município, no Centro e na Ponta da Areia:

*Grupo formado por policiais militares, com exploração irregular de serviços como cobrança de segurança de comércio de R$ 30 a R$ 50 e sinal de TV a cabo.

- São Gonçalo: No período de 30/06/2008 a 31/10/2008 o Disque Milícia recebeu 15 denúncias relacionadas ao município:

*Jardim Catarina: Grupo formado por policiais civis e militares (14 no total), com exploração irregular de serviços de cobrança de segurança de moradores ( R$ 30); comércio (R$ 100); transporte alternativo (R$ 50 a R$ 115); sinal de a TV a cabo: instalação (R$ 60) e mensalidade (R$ 30).

Quem desobedecer as regras, sofre ameaças.

* Rio do Ouro: Exploração irregular de serviços de segurança de moradores, táxi (R$ 30), sinal de TV a cabo (R$ R$ 60 a instalação) e (R$ 30 a mensalidade).

‘O medo da morte é presente na minha vida’

Desde 2008 sofrendo ameaças de morte, o deputado estadual Marcelo Freixo deve concluir a sua segunda CPI contra o crime esse mês. Dessa vez, o parlamentar vem investigando o tráfico de armas, munições e explosivos no estado. Freixo é bem direto ao ser perguntado se tem medo de morrer por causa do seu trabalho, assim como aconteceu com a juíza Patrícia Acioli, assassinada em agosto.

“Não vou mentir, o medo da morte é presente na minha vida. Não há super-herois, mas isso faz parte do trabalho de um parlamentar. Isso não vai atrapalhar o serviço que vem sendo feito. Amo a liberdade, amo a minha família e sinto falta de algumas coisas das quais tive que abrir mão, mas nunca me arrependi da minha escolha”, contou o deputado.

O assassinato da juíza Patrícia Acioli, que ocorreu no dia 11 de agosto, em Niterói, é um dos temas que vem sendo analisado pela CPI. “A morte da juíza Patrícia Acioli foi um divisor de águas no crime organizado. Nunca havia sido registrado um ataque desse contra um membro tão importante da Justiça. A questão da utilização de armas e munição do 7º BPM é um assunto que será tratado, assim como o controle do paiol de armas e munições oficial”, concluiu.

Fonte: O São Gonçalo

sábado, 10 de dezembro de 2011

Milicianos presos no Rio com dolares, jóias e quase 400 mil reais


Rio: polícia detém 5 suspeitos de integrar milícia com R$ 342 mil

Em posse dos 5 presos foram encontrados R$ 290 mil e US$ 29,3 mil em dinheiro, além de diversas joias

A polícia prendeu na quinta-feira cinco homens suspeitos de integrarem uma quadrilha de milicianos. Luciano Francisco de Paulo, Jorge Barros Ribeiro Filho, Dinarte José da Silva, Luciano Barreto da Silva e Thiago Silva de França foram presos em flagrante no interior de uma casa na rua Mafra, em Vila Valqueire, zona norte do Rio de Janeiro.

Na residência, em posse dos cinco presos, foram encontrados R$ 290 mil e US$ 29,3 mil (cerca de R$ 52,5 mil) em dinheiro, além de diversas joias. Todos foram indiciados nos crimes de formação de quadrilha e crime contra o sistema financeiro nacional. Se condenados, podem pegar até 12 anos de prisão.

A investigação e as detenções foram feitas por agentes da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco/IE) e da subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg). Segundo a secretaria, desde 2007 já foram presos 624 milicianos, excluindo os cinco detidos ontem, que ainda não foram julgados.


Foto: Draco / SSP-RJ/Divulgação
Fonte: Terra

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Preso na Barra da Tijuca ex-sargento que comandava milícia de Rio das Pedras


Acusado de chefiar milícia é preso em condomínio na Barra


Ex-sargento da PM é suspeito de matar funcionário de extinta superintendência de transportes, em 2003.  Foi apresentado pela polícia usando curativo nos mamilos. Ele estaria em tratamento contra câncer de mama.


Por Taís Mendes


Rio, 07/12/2011 - O ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa é apresentado pela polícia usando curativo nos mamilos. Ele estaria em tratamento contra câncer de mama Foto: Pablo Jacob / O Globo

O ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa é apresentado pela polícia usando curativo nos mamilos. Ele estaria em tratamento contra câncer de mama Pablo Jacob / O Globo

RIO - A Polícia Civil do Rio apresentou, nesta quarta-feira, o ex-sargento da Polícia Militar Dalmir Pereira Barbosa, acusado de chefiar a milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. Com uma bermuda florida, sem camisa e levando nos ombros um casaco bem menor do que o seu tamanho, Dalmir exibia curativos nos dois mamilos. Segundo a polícia, ele está fazendo tratamento contra um câncer de mama.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, Dalmir foi preso na noite desta terça-feira em casa, num condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. Contra ele há três mandados de prisão pendentes. O ex-sargento responde a processos na Justiça pelo assassinato do ex-chefe de gabinete das extinta Superintendência Municipal de Transportes Urbanos, Paulo Roberto da Costa Paiva, ocorrido em 2003.

Dalmir e outros quatro comparsas, de acordo com a polícia, exploram os serviço de transporte alternativo, venda ilegal de gás e internet e de segurança na região de Rio das Pedras.

De acordo com o delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Fernando Reis, a prisão seria fruto de investigações de várias unidades da Polícia Civil, mas a localização do miliciano chegou à delegacia através de denúncia anônima. Segundo Reis, Dalmir estava foragido desde 2009. Ele agia na região de Rio das Pedras desde 1997 e, em 2002, foi reformado pelo PM. Em 2011, no entanto, retomou à corporação para ser expulso.

- É um preso importante. Mas ninguém tem a pretensão de que uma só uma prisão irá desarticular a quadrilha. Sem dúvida foi um passo importante, pois ele era um dos líderes.

Fonte: O GloboOnline
Foto: Pablo Jacob / O Globo

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

No Rio de Janeiro quem mata mais são as milícias



Áreas controladas por milícias concentram homicídios no Rio



Santa Cruz tem a taxa mais alta.  Menor redução de assassinatos ocorre na zona oeste





Rio, 05/11/2011 - Apesar de a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro comemorar a prisão de 624 suspeitos de ligação com milícias nos últimos cinco anos e de grupos paramilitares rivais terem firmado trégua, a atuação dos milicianos preocupa. Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que as regiões onde há maior presença de milícias na capital, como os bairros de Campo Grande e Santa Cruz, ambos na zona oeste, estão entre as que registraram mais assassinatos.





Investigadores da Divisão de Homicídios ouvidos pelo R7 dizem que, quando os homicídios cometidos na capital são separados por categorias, como ligação com tráfico ou crime passional, as mortes relacionadas às milícias são maioria.

Em julho passado, a área patrulhada pelo Batalhão de Santa Cruz (27º BPM), que inclui os bairros de Santa Cruz, Paciência, Sepetiba, Guaratiba e Pedra de Guaratiba, registrou taxa de 3,61 homicídios por 100 mil habitantes, a maior da capital. Naquele mês, a média foi de um assassinato a cada dois dias (16 no total). Os dados são os mais recentes divulgados pela secretaria de segurança.

Na região, há favelas dominadas pelo tráfico, como Antares, Rola e Cesarão, mas de acordo com a Divisão de Homicídios, a maior parte dos homicídios é praticada por milicianos, que atuam em ao menos seis comunidades, entre elas, o conjunto João 23 e Nova Sepetiba.

Foi em Santa Cruz que o ex-PM Welington Vaz de Oliveira morreu no último dia 19 ao ter o carro atingido por mais de 50 tiros de fuzil. Moradores da região dizem que a situação piorou depois que o também ex-PM Carlos Ari Ribeiro, o Carlão, fugiu do BEP (Batalhão Especial Prisional), da PM, em setembro. Carlão que estaria em Santa Cruz, é considerado braço armado da milícia e teria cometido ao menos 15 assassinatos.

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Entre os milicianos presos desde 2006, 214 eram agentes ou ex-agentes do Estado, como PMs, policiais civis, bombeiros, integrantes das Forças Armadas, Guarda Municipal e Polícia Federal, o que corresponde a 34% do total. Um era deputado estadual e sete, vereadores. Os outros 402 eram civis.

Em segundo lugar no índice de homicídios, está a região patrulhada pelo Batalhão de Bangu (14º BPM), que registrou 25 assassinatos em julho, com uma taxa de 3,49 por 100 mil habitantes. No entanto, a região registrou, no ano, mais de 30 mortes ligadas à guerra de traficantes rivais pelo controle da Vila Kennedy.

Na sequência, surgem no ranking de homicídios os bairros de Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e Senador Vasconcelos (área do 40º BPM), com 18 homicídios no mês e taxa de 3,42 assassinatos para cada 100 mil moradores. A região possui mais de 20 comunidades, todas controladas por milícias, cujo chefe é o ex-PM Tony Ângelo.

Apesar de se concentrarem em bairros da zona oeste, a região recebeu apenas duas das 18 UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) já implantadas, uma na favela do Batan, que era reduto de milícia, e outra na Cidade de Deus, antes controlada por traficantes.

Para o fundador do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), coronel Paulo César Amêndola, a implantação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas zonas sul, norte e centro do Rio contribuem para índices de criminalidade altos na zona oeste.

“- As favelas controladas pelo tráfico na zona oeste receberam bandidos que fugiram das favelas pacificadas, assim como a Baixada Fluminense, São Gonçalo e região dos Lagos. Em áreas de milícia, falta efetivo. A PM, por exemplo, não teve efetivo suficiente para fazer um patrulhamento constante nessas regiões. Operações diárias poderiam reduzir os homicídios na região.”

Deputado defende ataque às finanças

Na comparação entre as três regiões, a área do 27º BPM foi a única que não teve queda de homicídios entre os primeiros sete meses de 2006 e o mesmo período deste ano. Foram 121 casos entre janeiro e julho de 2006 contra 123 no mesmo período deste ano, aumento de 1,6%. Já na área do 40º BPM, houve redução de 57%, baixando de 190 para 82, e na região patrulhada pelo 14º BPM, a redução foi de 40%, passando de 245 homicídios para 148.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI das Milícias em 2008, elogiou as prisões de milicianos. Entretanto, para ele, isso é insuficiente para enfrentar os grupos paramilitares que atuam no Estado.

“- A CPI das Milícias provocou uma mudança no discurso do governo. Não deu mais para ignorar o problema das milícias e nenhuma autoridade ousou se referir a elas como um mal menor na segurança pública do Rio. A CPI apresentou 58 propostas de medidas concretas contra as milícias, mas a maioria sequer saiu do papel.”

Segundo ele, há proposta de competência dos governos municipal, estadual e federal. As principais se referem ao mapeamento e à contenção das atividades econômicas dos grupos criminosos que são fonte do lucro e de sustentação das milícias.

Rio tem 12 homicídios por dia

Entre janeiro e julho deste ano, 2.587 pessoas foram assassinadas no Estado, uma média de 12 por dia. Na capital, foram 878 homicídios, média de quatro a cada dia.

A zona oeste responde pela maioria dos casos, com 405 registros, segundo o ISP. A zona norte, que concentra a maior parte das favelas controladas pelo tráfico, registrou 400 casos nos primeiros sete meses do ano. Na zona sul, foram 23 casos, e na região central, 50.

Em todas as regiões da capital, houve queda na comparação com o mesmo período de 2010, mas a menor redução aconteceu na zona oeste (8%). Na zona norte, a redução foi de 13%; na região sul, de 15% e, no centro, queda de 34%.

Na capital, onde a Divisão de Homicídios recebeu investimentos nos últimos dois anos, o índice de elucidação de casos saiu de 3% para mais de 30%. A meta para 2012 é chegar a 40% de homicídios com autoria conhecida.

Um investigador da Polícia Civil contou que as prisões dos chefes das milícias da zona oeste e o pacto de não agressão firmado entre grupos rivais contribuíram para a redução dos índices na região, mas ainda há dificuldades para elucidar os casos.

“ - As milícias agem com muita violência. Os assassinatos são cometidos com armas de grosso calibre e muitos tiros. Eles matam suas vítimas na frente de todo mundo para intimidar as pessoas. É difícil conseguir testemunhas que prestem depoimento. Todos têm medo. Eles também costumam matar pessoas que praticam pequenos furtos e roubos nas regiões controladas por eles.”


Por Marcelo Bastos
Fotos: Alexandre Vieira/Agência O Dia
Fonte: R7

domingo, 4 de dezembro de 2011

Preso suspeito de integrar milícia que atua no morro da Caixa D’água, no Rio de Janeiro

Suspeito de integrar milícia é preso com 200 fichas de cobrança por segurança

Documentos tinham nome e endereço de moradores do morro da Caixa D'água




Policiais da Delegacia de Piedade (24ª DP), na zona norte do Rio, prenderam nesta sexta-feira (2) Ulisses Pereira de Aquino, de 27 anos, por envolvimento com uma milícia que atua no morro da Caixa D’água. Ele foi flagrado com uma pistola enquanto se preparava para fazer a cobrança da taxa de segurança de moradores.

Com o suspeito, os policiais também encontraram 200 fichas que tinham nomes e endereços de moradores e uma lista com todos os meses do ano. Ao lado de cada mês, a milícia controlava os pagamentos, preenchendo o espaço com o termo “pago”. Os valores variavam de R$ 20 a R$ 25 por mês, como explica a delegada Renata Araújo.

- Ele não estava com dinheiro porque estava começando a fazer as cobranças. Estava de moto e foi preso em flagrante. Ele nos disse que era o responsável pela cobrança da taxa de segurança. Nossa investigação começou há três meses e sabem que também exploram outros serviços. Vamos trabalhar para identificar e prender os outros integrantes do grupo.

Segundo a polícia, a milícia do morro da Caixa D’água também atua nas adjacências, como a rua Ferreira Furtado, em Piedade. O suspeito foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma, mas também está sendo investigado por extorsão e formação de quadrilha.

Apenas com as fichas apreendidas pela polícia, a milícia era faturar entre R$ 4.000 e R$ 5.000 referentes à cobrança de taxa de segurança particular.

Por Marcelo Bastos
Fonte: R7
Foto: Alessandro Costa/Agência O Dia

Milícias da baizada fluminense entram em guerra por territòrios como os traficantes faziam




Milícias de Nova Iguaçu travam disputa sangrenta por territórios, diz polícia

Grupos denunciam rivais para provocar prisões e enfraquecer inimigos

    
    

Milícias que atuam nos bairros da Palhada, Cabuçu e Valverde, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, travam uma disputa sangrenta pelo controle de territórios, segundo a polícia. Nesta sexta-feira (2), uma operação da Delegacia de Comendador Soares (56ª DP) e da DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense) prendeu dois homens que estavam com uma pistola. Outros dois homens que tiveram a prisão decretada continuam foragidos.

Segundo o delegado Delmir da Silva Gouveia, da 56ª DP, há inúmeros homicídios na região que são atribuídos às milícias e algumas testemunhas já identificaram os autores por fotos. Segundo ele, na região há várias pequenas milícias, formadas por dez ou 15 policiais em média.

- Em setembro, um PM foi morto a tiros por um grupo de milicianos rivais. No último fim de semana, um casal foi morto. Temos informações de que o homem era envolvido com uma milícia e estaria denunciando a atuação de rivais. Já a mulher, teria morrido apenas por estar com o alvo dos assassinos.

O delegado revelou que a guerra de denúncias é uma tática usada pela milícia para enfraquecer os rivais e provocar prisões.

- Isso é muito comum entre eles. Um deles faz uma denúncia dizendo que o rival tem um plano para matar o delegado. Assim, espera que a polícia investigue o rival e o prenda. O outro denuncia a ação de rivais na exploração de serviços, como TV a cabo clandestina e venda de gás. Como a polícia tem atuado e feito prisões, essas denúncias provocam raiva e as os homicídios entre eles têm ocorrido com frequência. Quem não concorda com a atuação deles também pode virar alvo das quadrilhas.

Segundo o delegado, os milicianos vendem botijões de gás por preços muito acima do valor cobrado pelo mercado. Enquanto a média de preço não chega a R$ 40 por botijão, os milicianos vendem a R$ 45. As pessoas não têm opção e são coagidas a comprar com eles.

Durante a prisão de Leandro Campos Marques, o Grampo, e de Michel dos Santos Azevedo, nesta sexta-feira, no bairro da Palhada, uma pistola calibre 40 foi apreendida. O delegado Ricardo Barboza, da DHBF, investiga pelo menos dez assassinatos que podem ter sido cometidos com a arma apreendida.


Por Marcelo Bastos, do R7
Fonte: R7
Foto: Alessandro Costa/Agência O Dia