segunda-feira, 2 de junho de 2008

MILÍCIA E FRAUDE ELEITORAL


Milícia usada para eleição


Rio - Numa conversa no dia 24 de setembro de 2006, interceptada pela PF, entre o inspetor de polícia Fábio Menezes Leão, o Fabinho, um dos ‘inhos’, e Jorsan, fica claro o apoio do PM à campanha do delegado. Em seguida, Fabinho liga para o delegado Marcos Cipriano, então titular da 34ª DP (Bangu), e fala do evento eleitoral em que Álvaro estará presente. Cipriano também diz que vai. Em determinado momento, Fabinho conta que Jorsan e Serginho estão dando apoio. Cipriano pede para Fabinho avisar a Álvaro não deixar de ir porque trata-se de “um complexo de seis favelinhas”: “São vinte mil votos, entendeu?”, explica ele.


No dia 3 de outubro de 2006, é Álvaro Lins quem liga para Jorsan. “Tudo bem, rapaz, estou ligando para agradecer aí a ajuda e a torcida, todo o trabalho de vocês. Continuamos juntos, vamos em frente que tem muito trabalho ainda”.


Jorsan foi morto em fevereiro de 2007 ao sair de um ensaio da escola de samba Renascer de Jacarepaguá. Além de ser apontado como o chefe da milícia no Morro da Caixa D’água, em Jacarepaguá, estava sendo investigado por envolvimentos com o bicheiro Rogério Andrade e com Álvaro Lins, acusado pela PF de proteger a quadrilha do contraventor. Relatório da PF, encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), revela indícios de que a quadrilha de Álvaro estaria envolvida na morte de Jorsan.


CENSO NO BATAN

Dois anos depois, a prática de curral eleitoral implantada por Jorsan e Serginho continua rotineira nas comunidades da Zona Oeste controladas pela milícia, conforme revelou reportagem de O DIA publicada ontem. Na Favela do Batan, em Realengo, a ordem é ‘vender’ os eleitores a quem pagar mais.

Para mostrar seu poder de fogo nas urnas, os milicianos do Batan organizaram até um censo para levantar quantos moradores votam e qual o número de seu título de eleitor. O candidato que comprar o apoio recebe dos coronéis da favela a garantia de que será o único liberado para fazer campanha lá.

Outros dois suspeitos de envolvimento com milícia na região ocupam hoje cadeiras na Câmara e na Assembléia do Rio: o vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e seu irmão, o deputado Natalino Guimarães. O primeiro está preso. Os dois foram denunciados pelo Ministério Público estadual por formação de quadrilha e bando armado.


GRAVAÇÃO - LIGAÇÃO DIRETA COM DONOS DE COMUNIDADES


Conversa no dia 24 de setembro de 2006 entre Fabinho e Jorsan:

Fabinho: Tudo beleza, meu parceiro. Jorsan, o dr. (Álvaro Lins) hoje (...) vai dar um vôo aí na Capitão Menezes. Tá sabendo?

Jorsan: Não tava sabendo.

Fabinho: Aqueles garotos do comitê da Praça Seca que organizaram a ida do doutor no São José. Aquela comunidade na Capitão Menezes não é São José?

Jorsan: É.

Fabinho: Eles programaram a ida do doutor lá às três da tarde. Aí, tô te dando um toque para você ficar ciente.

Jorsan: Tá tranqüilo. (...) Esquenta, não. Eu vou tá lá. Ma passa um rádio aí quando tiver chegando.



Depois, Fabinho liga para o delegado Marcos Cipriano:

Cripriano: Fala com ele para não deixar para muito tarde, para a gente não deixar de aproveitar lá, um complexo de seis favelinhas, são 20 mil votos, entendeu?

Fabinho: Show de bola. Foi feito contato com a ‘mineira’ lá?

Cipriano: (...) Está todo mundo esperando lá.

Fabinho: Quem é o cara lá, é o Jorsan e o Serginho?

Cipriano: Tá, eu vou falar lá, você conhece lá o Serginho?

Fabinho: (...) Eles são os caras lá, os responsáveis são os dois. Eles estão com a gente na campanha.


Fonte: O Dia

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