segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Polícia, traficantes e milícia oprimem favelas






Polícia, traficantes e milícia oprimem favelas





Entrevista com José Cláudio Souza Alves

Por Mauro Malin em 25/2/2011

O sociólogo José Cláudio Souza Alves faz uma análise incômoda, para a mídia e outros setores, da situação da segurança pública no Rio de Janeiro. Não viu avanço na "conquista" do Morro do Alemão, em novembro, e o disse a este Observatório logo em seguida (leia "Crime se reconfigura sob a égide do Estado"). Para ele, o que existe são rearrumações do crime organizado, que articula bandidos, polícias e milícias num sistema único.

As evidências que suscitaram a "Operação Guilhotina" da Polícia Federal, no fim de semana de 12-13 de fevereiro, deram razão a Souza Alves. Foram presos 30 policiais militares e civis, entre eles um ex-subchefe da Polícia Civil fluminense, Carlos Oliveira. Entre as acusações feitas aos detidos está a de vender a traficantes (e milícias) armas apreendidas de outros traficantes. Em seguida, sob a acusação de estar ligado a milícias e receber propina, demitiu-se o próprio chefe de Polícia, Allan Turnowski.

Por sinal, registre-se que o delegado superintendente da Polícia Federal no Rio, Ângelo Fernandes Gioia, pediu licença na terça-feira (22/2) e será substituído. Ele era o responsável pela condução da "Operação Guilhotina".

Milícias não enganaram

Quando as milícias surgiram, pessoas de boa vontade e outras nem tanto – leia-se políticos que contam com votos em redutos dominados por esses grupos de extermínio − chegaram a ver nelas uma "solução" para expulsar traficantes de favelas e bairros pobres. Souza Alves denunciou as milícias em entrevista ao Observatório em 2007 (ver "Milícias são a novidade, mas permanecem ocultas").

Sua interpretação para a operação de tomada do Alemão é a de que se trata da reconfiguração de um esquema criminoso que tem a participação da polícia. A saída de um grupo permite o crescimento de outros grupos. Em lugar da "pacificação" prometida, ocorre uma rapinagem (denunciada recentemente por Fernando Gabeira no Estado de S. Paulo; ver "Complexo do Alemão, Serra Pelada").

Cria-se uma situação muito frágil para os próprios esquemas policiais-bandidos, avalia Souza Alves, que é decano de Extensão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Deflagra-se uma crise interna na polícia que, diz ele, "nada mais é do que a exposição do que sempre houve, a vinculação de nomes importantes da estrutura policial a essa rede criminosa".

O professor é pessimista em relação ao que virá: "Tudo indica que o padrão de execução sumária enquanto política de segurança pública vai ser mantido". Ele já chamou as favelas e comunidades de "campo de concentração sem arame farpado". Nesta entrevista, diz que as populações dessas áreas foram "isoladas, fechadas em verdadeiros enclausuramentos físicos, geográficos, espaciais, para que pudessem ser assassinadas pela polícia ou pelo tráfico, ou agora controladas por milícias". Com que finalidade? Servir de mão de obra barata, precarizada.

A seguir, os principais trechos da entrevista de José Cláudio Souza Alves.

Um grande jogo de interesses

"Na verdade, é um grande tabuleiro. Cada peça que se mexe causa alteração em tudo. Estamos assistindo agora aos efeitos da ocupação do Alemão. Havia uma estrutura montada, uma forma organizada dessa estrutura criminosa, junto com o aparato policial, milícia, tráfico. Isso, para mim, é um grande jogo de interesses, de ganhos, perdas. Uma dinâmica de cujo tamanho, proporções, de onde alcança toda essa rede criminosa, não temos noção."

Rapinagem de espólios de guerra

"Para mim, todas as ações, tanto dos traficantes como da polícia, estabelecem relações entre elas. Nunca é uma coisa em que somente um está envolvido. Aquelas operações, atribuídas ao tráfico, de amedrontamento, incêndios de carros [21 a 25 de novembro de 2010, dia em que começou a invasão da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão], eram o primeiro movimento. O segundo movimento foi transformar tudo isso na razão para ocupar o Complexo do Alemão. Movimento trabalhado persistentemente pela mídia, pelo governo, pela Secretaria de Segurança como a grande guerra do Rio, a grande vitória, libertação de áreas. A meu ver, esses grupos que estavam lá controlando o Alemão, e que tinham o acordo montado, em termos de dinheiro, de ‘arrego’, de composição com o aparato policial, são desalojados, e há agora uma grande área que, na linguagem estabelecida pelos próprios policiais, é de ‘garimpagem’. Uma Serra Pelada. É uma rapinagem. Eles vão pegar agora os espólios de uma guerra. Aquilo que estava mais ou menos organizado ali, em termos de funcionamento dessa estrutura criminosa, está se reconfigurando."

A coisa foi longe demais

"A saída do grupo que controlava geográfica e politicamente a área permitiu o crescimento de outros grupos, sobretudo ligados ao aparato policial, nesse processo de rapinagem, de repasse de armas e de informações. E isso chegou a um ponto insuportável, pela fragilidade e pela exposição de tudo que já vinha sendo observado e investigado. Chegou a um momento de transbordo, de impossibilidade de continuar nessa estrutura, pelos riscos que essa situação poderia trazer."

Vão sacrificar alguns e fazer uma recomposição

"Inicia-se uma crise interna da polícia que nada mais é do que a exposição do que sempre houve, a vinculação de nomes importantes da estrutura policial a essa rede criminosa. Um começa a acusar o outro. O conflito de Allan Turnowski com o delegado da Draco (Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas) Cláudio Ferraz nada mais é do que um retaliando o outro em seus negócios, na sua forma de agir, e, mais uma vez, toda a fragilidade dessa estrutura começa a ser exposta. A exoneração de Allan Turnowski é quase uma condição necessária para a preservação de tudo ali. Eles não podem continuar guilhotinando um ao outro, daqui a pouco é a degola de toda a estrutura, que está profundamente atingida. Vão sacrificar alguns. Qual é a recomposição dessa estrutura que vai ser feita a partir de então? Que nomes serão alçados?

Padrão de execução sumária deve persistir

"Tudo indica que o padrão de execução sumária enquanto política de segurança pública vai ser mantido. Agora é colocado mais um nome, de Martha Rocha, vinculada diretamente ao secretário de Segurança. Ao mesmo tempo, o grande discurso é ‘estamos limpando’, ‘estamos cortando na carne’. Isso é dito quase como se fosse um favor para a sociedade, como se não fosse algo trágico demais. A mídia constrói e eles vão junto nessa construção midiática, como se essa limpeza fosse uma grande operação da polícia, digna de louvor, que traz benefício. Como se não fosse, ao contrário, um imenso escárnio à população que aplaudiu os heróis vê-los agora como criminosos. Todo o trabalho midiático e político feito no episódio do Alemão não suportaria isso. Então, agora é necessário construir uma interpretação do episódio como uma grande solução, como um excelente trabalho. Agora, sim, Polícia Federal, Ministério Público estadual, Draco, Secretaria de Segurança Pública estão operando em conjunto, é uma novidade muito boa."

Um período de baixo perfil

"Acho que toda essa estrutura entra num compasso de baixo perfil, que já é, a meu ver, o compasso das UPPs [Unidades de Polícia Pacificadora]. As UPPs trabalham com essa lógica de baixo perfil. Tirando o Alemão – querem instalar uma UPP lá, mas está esse caos todo da estrutura criminosa montada no Alemão, Serra Pelada −, a estrutura das UPPs convive com as demais estruturas do crime já existentes. Sobretudo com milícias, mas também com grupos criminosos organizados não paramilitares, não estatais. Tudo isso entra num compasso de baixo perfil, não vai se produzir agora uma exacerbação do ganho, como estava sendo feito até então, para se evitar mais uma exposição e mais uma investigação."

Prenderam uma milícia em Caxias, ficaram quatro ou cinco

"As milícias continuam se fortalecendo. Em dezembro a Draco prendeu uma milícia em Duque de Caxias, de dois vereadores, Jonas É Nós [PPS, policial militar, primeiro mandato] e Chiquinho Grandão [PTB, quarto mandato]. Eles operavam na área do São Bento, Gramacho, Parque Fluminense, Jardim Ideal, o 2º Distrito de Duque de Caxias. Mas onde eles operavam, segundo as informações que eu tenho, operavam também outras quatro ou cinco milícias. Um desses presos, pelo que sei, nada mais era do que um mediador entre os vários grupos. Ele mesmo não era de uma milícia. Mas o outro era. A saída deles não significa muita coisa. O que vai haver é que os outros vão distribuir entre si, agora, o espólio geográfico, físico do negócio do crime ali."

O desmonte de uma Área de Proteção Ambiental

"Em São Bento está ocorrendo um crime ambiental imenso. Existe uma APA, Área de Proteção Ambiental, chamada Morro do Céu. Com a conivência da prefeitura, o Morro do Céu está sendo desmontado. Estão arrancando todo o barro do Morro do Céu e vendendo como aterro para que a comunidade daquela região avance sobre uma outra área de preservação ambiental, uma área pantanosa que fica entre o São Bento e a rodovia Washington Luís. Em cima do barro usado como aterro poderão ser construídos barracos. Quem vende esses caminhões de barro são as milícias locais. A saída de um dos grupos não significa nada. A mesma coisa vai acontecer no Alemão, no Morro de São Carlos. Apenas alguns desses grupos são deslocados. Outros vão se reaproximar. Talvez não imediatamente. Nada disso se dá de uma hora para outra. Agora vão ser feitas negociações, é uma nova fronteira a ser explorada."

Sobraria polícia após uma operação mãos limpas?

"Está certo que a polícia tenha que fazer investigações, apurar, chegar a esse procedimento de limpeza dentro da própria estrutura policial. Tem que ser feito. Mas se fossem fazer isso de forma generalizada, sobraria alguma estrutura do aparato policial para continuar funcionando? A estrutura organizativa do Estado, a estrutura da Secretaria de Segurança Pública no Rio de Janeiro, sobreviveria a uma "operação mãos limpas"? Eu acho que não. Algumas operações continuarão a ser feitas, mas a grande pergunta é: desmonta-se uma estrutura dessas por dentro da própria estrutura? Achar que sim é ilusório, porque essa estrutura também sofre uma imensa pressão de interesses políticos."

Populações dominadas. Pelo "asfalto"

"As populações dessas áreas foram segregadas por uma política de dominação econômica e política sobre elas. Foram isoladas, fechadas em verdadeiros enclausuramentos físicos, geográficos, espaciais, para que pudessem ser assassinadas pela polícia ou pelo tráfico, ou agora controladas por milícias. As formas de dominação que se perpetuam nessas áreas deveriam sofrer uma ruptura a partir do momento em que a sociedade como um todo rompesse essa segregação física, espacial e geográfica, e pudesse manter o fluxo de contato, de aproximações, de relacionamento. Relacionamento político e econômico sempre se manteve, porque essa população toda trabalha, gera rendimentos para o capital, para o mercado, com mão de obra baratíssima, empobrecida, mediante contratos precarizados. Sempre houve."

Nunca houve uma cidade partida

"Nunca houve uma cidade partida no Rio de Janeiro. Todo o Rio de Janeiro é montado sobre a estrutura de superexploração dessas áreas. Seria necessário a sociedade olhar para essas comunidades, e essas comunidades olharem para a sociedade, dentro de um outro fluxo, um intercâmbio de informações e de construção política, de resistência, o que é muito difícil, porque ambos os lados, tanto o asfalto como o morro, a favela, a comunidade, ou a Zona Sul solar e a Zona Norte, a periferia do noir, do escuro, esses dois espaços, no Rio de Janeiro, têm que lutar cada um dentro da sua própria dimensão ideológica, cultural, política, para tentar superar todas as mitificações, as discriminações, os preconceitos. Esse é um trabalho árduo."


Fonte Observatório da Imprensa.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Insegurança Pública

 

Insegurança Pública.



Por Celso Athayde*


Como muitos cidadãos brasileiros, em especial os cariocas, tenho acompanhado a nova crise na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Na verdade, não sei se podemos chamar de crise, já que ela está sendo provocada pelo próprio Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que demonstra uma árdua vontade de resolver um problema antigo. Mas já que todos dizem por aí que é crise, vamos considerar que seja.


A última vez que ouvimos com frequência falar da tal “banda podre” foi na época do ex-governador Garotinho, na então gestão de Luiz Eduardo Soares como Secretário de Segurança. Hoje, essa expressão volta com mais força, parecendo que chegou a hora de acabar com a velha cultura do “esses policiais corruptos são a minoria, e não vamos deixá-los manchar o nome da maioria da instituição.”

Chega disso, né? Se fizermos uma pesquisa, descobriremos que a maioria é corrupta em alguma medida. isso faz parte da cultura policial, não somente no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil. Basta ver o ponto a que chegamos – a cúpula está mais do que enrolada. Infelizmente, o buraco é bem mais embaixo.

É perfeitamente compreensível que em casos como esses, os secretários de segurança e governadores venham a público dizer: “Esses poucos marginais fardados (quando são militares) serão punidos exemplarmente, não vamos deixar que essa minoria venha a manchar o nome da grande maioria que é correta e incorruptível”. Eu, no lugar deles, diria a mesma coisa. Em nome da governabilidade, claro!

Eis a questão, pois eu realmente duvido que eles creem no que afirmam, que em cada cinco ocupantes de um patamo (Patrulha Tático Móvel), apenas um seja corrupto e os outros sejam santos. Que a maioria dos policiais dos DPOs combata o tráfico e não se beneficie dele. Ou que as carceragens das Delegacias não levem nenhuma vantagem financeira para facilitar a vida dos presos e de seus visitantes, só pra citar alguns exemplos. Mas fique tranquilo se você é parente de um policial – sério, não é dele que estou falando, estou me referindo aos “outros” .

As famílias dos policiais se revoltam quando a categoria é acusada de corrupção, no entanto concordam que existe a necessidade de fazer uma limpeza geral. Assumir a verdade é a única forma de preservar os bons policiais que infelizmente são a minoria. Tão minoria que vivem acuados e oprimidos nos batalhões e delegacias. O que pode ser confirmado diretamente com eles, que talvez não falem por medo – o mesmo medo que o cidadão comum sente.

Só para termos uma ideia, os governos estaduais se orgulham por expulsarem centenas de policiais bandidos , envolvidos com os piores crimes, todos os anos , além de terem prendido tantos outros envolvidos com domínios de favelas. Apesar disso, infelizmente as milícias não recuaram nenhum centímetro. Pelo contrário, só crescem mais e mais a cada dia. Sendo assim, o que nos faz acreditar que esses “moços” e suas redes gigantes sejam a minoria?

Amigos de policiais e traficantes sempre os acham gente boa. Independente do que eles são capazes de fazer com os outros. Veja,não estou generalizando e dizendo que todos são corruptos, estou dizendo apenas que se trata da maioria sim, em alguma medida.

É comum que policiais que defendem a sociedade e eventualmente prestam bons serviços ao Estado caiam nos braços do deslize engordando as fileiras dos que são seduzidos pelas oportunidades criminosas. E, cá entre nós, a maioria é somente 50% mais um. Você acha esse percentual realmente alto?

Por isso, antes de defender os amigos policiais, é bom lembrar que você nunca participa de suas incursões cotidianas, perseguição a ladrões de bancos com os carros cheios de dinheiro e nos sequestros a traficantes, vendas de inimigos e outras ações sinistras que até Deus duvidaria.

O problema é que existem algumas atividades ilegais que a sociedade passou a achar normal com o passar do tempo. E somente os mais graves como assaltos, estupros, sequestros, venda de armas, passaram a ser vistos como crimes de fato. Os outros desvios passaram a ser vistos como meros escorregões éticos, nada tão grave. Fazer segurança para a contravenção, milícias receberem

dinheiro de tráfico, receber dinheiro da própria polícia para beneficiá-los em melhores escalas de serviços, receber dinheiro de camelôs, entre diversas outras manifestações, deixaram de ser vistas como anomalias. Sem contar com o crime de omissão.

Depois de uma análise mínima, percebemos que sem a corrupção desenfreada não existiria nas ruas das cidades as taxas dos flanelinhas, ou alguém acha que eles são independentes? Vou além, alguém

acha que o tráfico de armas, pirataria de marcas e até mesmo de remédios não têm relação com a corrupção policial? Para não falar em prostituição, e tantos outros crimes e contravenções que só conseguem se sustentar a partir de uma relação promíscua entre a desordem e a suposta lei.

Por outro lado, temos que concordar que a corrupção não é intervenção exclusiva da polícia. Os canas parecem refletir um comportamento social, que é o mal que abre as portas para todos os males.

Para alguns, este texto pode ser visto com o único objetivo de desmoralizar a polícia. Quero deixar claro que não, longe disso, pelo contrário, acredito que sem uma polícia séria só nos restará nas ruas das cidades o caos, um verdadeiro vale tudo. O que precisamos é perceber o óbvio e deixar de lado a demagogia, para que os bons policiais sejam libertados das armaduras que lhes fazem entrar nesse jogo sujo ou proteger muitos policiais que estão em desvantagem, se aquartelando, pedindo licença-prêmio ou se virando como podem para protegerem suas próprias vidas. Precisamos de paz na vida desses homens e mulheres da lei para que as nossas vidas sejam protegidas também.

P.S.: Gostaria de aproveitar e sugerir que o Estado refletisse sobre as últimas prisões efetuadas pelos 40 policiais presos nessa última operação no Rio. Pois se o próprio estado os prendeu e afirma que eles são bandidos, pode ser que os presos sejam na verdade vítimas.

P.S. 2: Alguém ainda duvida de que o pastor da Vila Cruzeiro dizia a verdade quando acusou policiais de roubo e de que não é justo ele ser indenizado já que o estado reconhece essas loucuras?

*Fonte: Opnião

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Operação Ghilhotina: Escutas da PF mostram conversas entre policial civil e Turnowski

 

Escutas da PF mostram conversas entre policial civil e Turnowski.   

Trinta policiais foram presos na Operação Guilhotina. 

Em uma ligação, ex-chefe de Polícia pede empenho para fazer apreensões


Rio, 25/02/2011 - Após um ano de investigação da Polícia Federal, escutas telefônicas mostram que em vários momentos o inspetor da Polícia Civil Christiano Fernandes, preso pela PF na Operação Guilhotina, falou com o ex-chefe de polícia Allan Turnowski. Até agora trinta policiais foram presos na Operação Guilhotina.

Em uma das ligações Christiano ligou para Turnowski para falar que prendeu traficantes e que eles confessaram que os chefes do tráfico ordenaram ações terroristas pela cidade.

Allan Turnowski – Vamos agir, vamos agir que é hora da gente provar nosso valor aí. Mostrar que o que a gente fez durante anos era o correto. E apesar de tentarem destruir o que a gente fez. Agora a gente está sendo colocado a prova aí. Tem muita coisa destruída, nossos canais de informação, nossos contatos, mas é hora de refazer. Senão a gente não segura isso não.

Christiano Fernandes – Deixa comigo.

Numa outra ligação, Turnowski pede empenho de Christiano para fazer apreensões.

Allan Turnowski – Hoje é dia de apreensão, parceiro. Temos que pegar alguma coisa. Bota sua galera firme, eu sei que vocês não têm essa de sujar a mão então cai dentro. A gente precisa de apreensões hoje.

Christiano Fernandes – Deixa comigo, pô. Deixa comigo. Eu entro lá e arrebento.

Allan Turnowski – Cai pra dentro lá porque a gente precisa de arma, de droga, de vagabundo. Se não tiver vagabundo, arma e droga. A gente precisa disso hoje aí.

Num terceiro telefonema, o ex-chefe de polícia liga para Christiano para saber a situação de um bandido preso. Nesta ligação, ele cita escutas da Polícia Federal.

Allan Turnowski – O secretário me ligou que caiu na escuta da Federal a prisão desse cara por um pessoal da 22ª DP. Por isso que eu estou te ligando. Entendeu?

Christiano Fernandes – Entendi. Está lá na 22ª DP. Tá lá trancado já.

Allan Turnowski – Então tá, então olha só: fica esperto aí porque nego na Federal está dizendo que caiu na escuta, que nego ia vender uma cabeça aí, não sei o que. Ainda bem que eu já tinha sido ouvido e já tinha falado com o secretário. Senão nego já tinha queimado vocês aí. Então fica esperto, vê se não tem ninguém mais agarrado. Vê isso certinho aí. Confere as suas equipes aí.

Christiano Fernandes – Não, não tem não. Sou eu que estou na rua, sou eu que estou rodando. Não tem não.

A Polícia Federal indiciou Allan Turnowski por quebra de sigilo funcional baseado na gravação deste último diálogo.


De acordo com o relatório da PF, Turnowski teria divulgado para Christiano Fernandes a existência da operação da Polícia Federal que visava reprimir crimes praticados por policiais estaduais.

Segundo a polícia, Allan Turnowski está fora do país. Na semana passada, o ex-chefe de polícia negou que soubesse da operação da Polícia Federal e garantiu que é inocente. Ele alegou que ligou para Christiano a pedido do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para saber a situação de um preso.

Beltrame já prestou depoimento na Polícia Federal e confirmou que falou com Turnowski, mas disse que em nenhum momento citou a Operação Guilhotina.

Além de Allan Turnowski, a Polícia Federal indiciou também a delegada Márcia Becker, por prevaricação. No dia da Operação Guilhotina, o inspetor Christiano Fernandes ligou para ela para avisar sobre a operação. De acordo com a PF, Christiano pediu que a delegada dissesse que ele estava de férias. Ela teria concordado.

Agora, com o relatório da PF entregue à Justiça, o Ministério Público tem até 15 dias para decidir se denuncia ou não os delegados Allan Turnowski e Márcia Becker.

A operação
 
No dia 11 de fevereiro, a PF iniciou no Rio uma megaoperação para prender policiais civis e militares suspeitos de ter ligação com traficantes, milícias e máfia dos caça-níqueis.

Na ocasião, Márcia Becker foi conduzida à sede da PF. Ela era titular da 22ª DP durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria de Segurança, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que poderiam reforçar as acusações contra os suspeitos.

Com os desdobramentos da ação, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, acabou deixando o cargo e foi indiciado pela PF.

A  Operação Guilhotina prendeu 38 pessoas, das quais 30 são policiais militares ou civis, incluindo o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe operacional da Polícia Civil. A ação também apreendeu farta quantidade de munição, um fuzil, três pistolas e uniformes de grupos especiais da polícia (Core e Bope), além de grande quantidade de dinheiro.

TJ aceita denúnica de MP
 
Na semana passada, Tribunal de Justiça (TJ-RJ) confirmou, através de sua assessoria, que aceitou a denúncia do Ministério Público contra 43 investigados - a maioria policiais civis e militares - na Operação Guilhotina

Com o recebimento da denúncia pela Justiça, foi iniciado o processo penal contra os réus acusados dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, peculato e violação de sigilo funcional e outros delitos. A denúncia do MP foi feita ao Juízo da 32ª Vara Criminal da Comarca do Rio.

De acordo com a denúncia, os acusados atuavam em delegacias ou em posições estratégicas da Segurança Pública. Os policiais "formavam quatro grupos criminosos que atuavam independentemente utilizando-se das facilidades proporcionadas pelos cargos que exerciam".


Fonte G1 . 25/02/2011 20h40

Milícias: Operação Guilhotina, ex-titular da delegacia da Penha pode ser indiciada nesta sexta-feira


Ex-titular da delegacia da Penha pode ser indiciada nesta sexta-feira, diz PF.  Delegado Allan Dias afirma que vai instaurar inquérito nesta sexta (25). Márcia Becker teve delegacia vasculhada durante Operação Guilhotina.

delegada Márcia Becker (Foto: Reprodução / TV Globo) 
Delegada Márcia Becker foi conduzida à PF no dia 11 de fevereiro (Foto: Reprodução / TV Globo)
 
A ex-delegada titular da 22ª DP (Penha), Márcia Becker, poderá ser indiciada nesta sexta-feira (25), de acordo com o delegado da Polícia Fedral, Allan Dias, que está à frente das investigações da Operação Guilhotina. "Provavelmente ela será indiciada, estou terminando de analisar as provas", afirmou Dias, que ainda não definiu os crimes em que ela deve ser enquadrada. 

Segundo ele, um inquérito será instaurado nesta sexta e, em seguida, encaminhado ao Ministério Público do Rio. O delegado da PF informou que ela não será ouvida novamente, pois já prestou depoimento durante a operação.

A operação
 
No dia 11 de fevereiro, a PF iniciou no Rio megaoperação para prender policiais civis e militares e delegados de polícia suspeitos de ter ligação com traficantes, milícias e máfia dos caça-níqueis.

Na ocasião, Márcia Becker foi conduzida à sede da PF. Ela era titular da 22ª DP durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria de Segurança, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que poderiam reforçar as acusações contra os suspeitos.

Com os desdobramentos da ação, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, acabou deixando o cargo e foi indiciado pela PF.

A Operação Guilhotina apreendeu farta quantidade de munição, um fuzil, três pistolas e uniformes de grupos especiais da polícia (Core e Bope); grande quantidade de dinheiro, bem como, diversos documentos demonstrando grande movimentação de numerário. Além disso, foi apreendida a contabilidade da milícia, onde consta o registro do pagamento das “taxa de segurança” e “taxa de venda de imóvel”.

TJ aceita denúnica de MP
 
Na semana passada, Tribunal de Justiça (TJ-RJ) confirmou, através de sua assessoria, que aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra 43 investigados - a maioria policiais civis e militares - na Operação Guilhotina

Com o recebimento da denúncia pela Justiça, foi iniciado o processo penal contra os réus acusados dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, peculato e violação de sigilo funcional e outros delitos. A denúncia do MP foi feita ao Juízo da 32ª Vara Criminal da Comarca do Rio.

De acordo com a denúncia, os acusados atuavam em delegacias ou em posições estratégicas da Segurança Pública. Os policiais "formavam quatro grupos criminosos que atuavam independentemente utilizando-se das facilidades proporcionadas pelos cargos que exerciam".

Controle de áreas públicas
 
Em uma investigação, o MP diz que os denunciados atuavam em forma de milícia da Favela  Roquete Pinto, no bairro de Ramos, na Zona Norte. A quadrilha exercia o controle armado das ruas e áreas públicas da região, e era responsável pelo serviço de “gatonet”, pelo monopólio e o controle da distribuição de gás e água, pelo controle do transporte alternativo e pelo estacionamento na área do “Piscinão de Ramos”.

Os denunciados também cobrariam uma taxa pela venda de qualquer imóvel na região, além de cobrar uma taxa básica de cada morador a título de “segurança”.

Denúncia destaca  envolvimento de delegado
 
O delegado Carlos Oliveira, que foi braço direito de Turnowski, estaria inserido nesse grupo. Segundo o MP, Oliveira era "o responsável por facilitar as atividades ilícitas do grupo," por seu alto posto na hierarquia policial.

Um dos denunciados, informante da polícia e morador do Alemão, tinha a função de identificar locais de guarda de armas e drogas na comunidade. Ele teria sido o responsável, durante a invasão policial ao Alemão, pela indicação "de diversos locais onde foram apreendidas armas, drogas, bens e dinheiro, sendo certo que parte do 'espólio' foi desviado em proveito do grupo.'"


Em 2005, houve uma operação realizada no Morro do Urubu, onde foram desviadas armas. Segundo o MP, Carlos Oliveira teria ficado com uma a submetralhadora UZI.

Em 2008, em uma operação realizada no conjunto de favelas do São Carlos e Morro da Mineira, também foram desviadas armas e munições. O grupo teria revendido fuzis, enquanto que o restante do armamento ficou para o “fortalecimento da quadrilha”.

No final do ano de 2010, nas invasões da Vila Cruzeiro e do Alemão, os denunciados ofereceram os serviços de seus informantes, cobrando uma taxa de 30 % de tudo que fosse apreendido como “espólio de guerra”.

Segundo o MP, os denunciados se referiam à àrea como “serra pelada”, local onde, na gíria policial, poderiam “garimpar”.

Carolina Lauriano Do G1 RJ
Fonte: G1

Milícias: Operação Guilhotina apreendeu R$ 56 mil com policiais acusados de crimes



Operação Guilhotina apreendeu R$ 56 mil com policiais acusados de crimes



Com um policial militar ligado à milícia de Ramos foram encontrados R$ 25,6 mil





Além de indiciar 45 pessoas, a maioria policiais civis e militares, a operação Guilhotina, da Polícia Federal, desencadeada no último dia 11, apreendeu R$ 56,1 mil em poder de alguns presos. A PF suspeita que o dinheiro seja fruto da venda de armas, munição e drogas para traficantes e do lucro com serviços explorados por milicianos.

A quantia mais alta foi encontrada na casa do policial militar Paulo Araújo Costa, onde foram apreendidos R$ 25,6 mil. Segundo investigações, ele é ligado à milícia que controla as favelas Roquete Pinto, Praia de Ramos e Borgauto, na zona norte do Rio. O relatório do inquérito ainda aponta um boleto bancário com uma movimentação de R$ 62 mil. 

No grupo liderado pelo policial civil Leonardo da Silva Torres, conhecido como Trovão, foram apreendidos R$ 16 mil em poder de Flávio de Brito Meister. Com o próprio Trovão, os agentes federais encontraram R$ 3.000.

O grupo de Trovão é acusado de receber propina de traficantes para informar sobre a ocorrência de operações policiais nas favelas da Rocinha e do São Carlos. O grupo recebia R$ 50 mil de cada traficante, acontecendo operações nas favelas ou não, além de vender armas e munição apreendidas em comunidades dominadas por grupos rivais.

Com o terceiro grupo de réus, foram encontrados durante a operação R$ 9.000 em poder do policial militar Ivan Jorge Evangelista de Araújo e mais R$ 2.500 na casa do PM Floriano Jorge Evangelista de Araújo,conhecido como Xexa.

Este grupo também praticava o ‘espólio de guerra’, prática de subtrair armas, drogas e munição em operações policiais para serem revendidos para bandidos ou usados pelos próprios policiais.

Além do dinheiro, o relatório da Polícia Federal revela, sem dar detalhes, a apreensão de um arsenal, com armas e munição, sem comprovação de origem, além de bens como pares de tênis subtraídos durante a operação no Complexo do Alemão em novembro e joias.

Operação Guilhotina
A operação Guilhotina, desencadeada no último dia 11 provocou uma das maiores crises na Polícia Civil do Rio de Janeiro. A Polícia Federal indiciou 45 pessoas acusadas de ligação com milícias, tráfico de drogas e contravenção. Entre os presos há policiais civis e militares e informantes.

Um dos presos foi o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe operacional da instituição e considerado braço direito do ex-chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, que chegou a ser indiciado por vazar informações sobre operações policiais, mas ainda não foi denunciado pelo Ministério Público.

Turnowski não resistiu à crise e pediu demissão, sendo substituído pela delegada Martha Rocha.

Fonte: R7

Milícias no RJ: Filho de Jerominho é julgado no Rio de Janeiro por tentativa de homicídio contra dois milicianos



Filho de Jerominho é julgado no Rio de Janeiro por tentativa de homicídio contra dois milicianos


Testemunhas de acusação recuaram e não reconheceram os réus

 

Rio, 25 fev de 2011 - O julgamento de Luciano Guimarães e de outros cinco réus acusados de integrar a milícia Liga da Justiça por tentativa de homicídio contra outros homens suspeitos de atuar em outro grupo de milicianos começou nesta quinta-feira (24) com uma reviravolta no depoimento das duas principais testemunhas de acusação.

Filho do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho, Luciano assumiu a chefia da milícia que atuava em Campo Grande, na zona oeste do Rio, após a prisão do pai e do tio, o ex-deputado Natalino Guimarães. Preso desde setembro de 2008, ele veio ao Rio participar do júri sob forte esquema de segurança, ao lado de Moisés Pereira Maia Junior e Julio Cesar de Oliveira, que também fazem parte do mesmo grupo e estão presos na penitenciária de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Vítimas de uma emboscada em 2008 e testemunhas de acusação, o fuzileiro naval Carlos Eduardo Marinho e o ex-PM Marcelo Bezerra voltaram atrás e negaram que os seis tenham sido os autores do atentado cometido contra eles em maio daquele ano. Na ocasião, os dois seguiam pela rua Ari Curi em uma caminhonete quando foram fechados por outro carro. O veículo onde estavam foi atingido por pelo menos 35 disparos, em plena luz do dia.

Os dois haviam dito em juízo e durante o inquérito conduzido pela delegacia de Campo Grande (35º DP) que reconheceram os autores dos tiros e que a emboscada foi motivada por uma disputa por parte e um terreno do condomínio Parque dos Eucaliptos, no mesmo bairro.

Marinho, que trabalhava como segurança do lugar e segundo o então titular da 35º DP, o delegado Marcos Neves, era ligado ao grupo do ex-deputado Jorge Babu, teria se negado a atender o pedido de Natalino, que queria construir no local um centro social para a sobrinha, a ex-vereadora Carminha Jerominho.

Mas, ao abrir os trabalhos do júri nesta quinta, Marinho surpreendeu a acusação ao dizer acreditar que tenha sido vítima de um assalto comum e que não reconheceu nenhum dos seis homens que estavam sentados no banco dos réus. O autor da denúncia, o promotor Luciano Lessa, se irritou com a postura do réu, que disse ter assinado os depoimentos sem ler. O promotor ressaltou que as denúncias feitas por ele foram determinantes para manter os réus em regime fechado para garantir a segurança dos dois, que conseguiram escapar da emboscada.

“- O seu depoimento está jogando por terra todas as medidas tomadas para a sua segurança. Agora não sei o que estou fazendo aqui.”

Marinho gaguejou ao ser questionado por diversas vezes se manteria a versão de assalto e ao dizer que “em uma emboscada como essa é normal quando a vítima tenta fugir”.

“- Faço uso de remédios. Fiquei chocado quando soube dos depoimentos.”

Ambos negaram ter sido maltratados ou coagidos durante o depoimento na delegacia.

Arrolado pela defesa como testemunha, o delegado Marcos Neves, disse acreditar que a dupla tenha recuado após ter sido ameaçada pelos milicianos ou feito um acordo para retirar as acusações, com vantagens financeiras.

Ele conta que no dia do crime foi ao hospital onde Marinho foi socorrido e disse que o fuzileiro naval estava com “muito medo de morrer” e se negou a falar com os policiais. Segundo Neves, um delegado da Polícia Federal que também foi fuzileiro o convenceu a contar o que realmente aconteceu, alguns meses depois, na delegacia.

- Ele contou que se recusou a entregar o local para uso em campanha política e que por isso foi vítima do atentado.

Presa em agosto de 2008 por crime eleitoral, Carminha Jerominho assistia ao julgamento na primeira fila do plenário.

Ela chegou a ser levada para a presídio de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, mas hoje responde ao processo em liberdade.

Até as 16h, os réus e três testemunhas de defesa ainda não haviam sido ouvidos.


Fonte R7

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Vereadores ligados à milícia de Duque de Caxias, RJ, são transferidos para Presídio Federal em MS






Vereadores suspeitos de integrar milícias são transferidos do RJ para MS





 
Rio de Janeiro, 24 fev 2011 - Dois vereadores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (Rio de Janeiro), e outros dois supostos milicianos foram transferidos ontem para o presídio federal de Campo Grande.

Conforme a Folha Online, o pedido de transferência partiu do subprocurador-geral de Justiça de Atribuição Originária Institucional e Judicial do Ministério Público do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira. Há suspeitas de participação deles em uma série de crimes, inclusive dois homicídios.

O vereador Jonas Gonçalves da Silva, o Jonas é Nós, e o soldado da PM Ângelo Sávio Lima de Castro, o Castro, estavam custodiados no BEP (Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar).

O vereador Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Grandão e Éder Fábio Gonçalves da Silva, Fabinho é Nós, filho de Jonas, estavam no Complexo Penitenciário de Gericinó.

A operação Capa Preta, deflagrada pela Polícia Civil, cumpriu 34 mandados de prisão contra pessoas denunciadas pelo Ministério Público pelo crime de quadrilha armada, resultando na captura de 30 pessoas sob suspeita de integrar milícia.

A milícia é investigada por cerca de 50 homicídios, cometidos desde 2007. De acordo com o Ministério Público, o grupo paramilitar movimentava cerca de R$ 300 mil por mês, por meio de atividades ilegais como cobrança de "taxas de proteção" de moradores e comerciantes, monopólio da venda de cestas básicas e comércio de armas de fogo.




Fonte: Campograndenews

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Milícias em Minas Gerais: OAB pede extinção da Rotam após mortes em favela de Belo Horizonte


OAB pede extinção da Rotam após mortes em favela de Belo Horizonte


Ministério Público pode pedir a prisão de dois dos quatro policias envolvidos na ação




Moradores do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, e membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Minas Gerais pediram na terça-feira (22) a extinção da Rotam (Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas). No último sábado (19), duas pessoas da comunidade morreram durante uma suposta troca de tiros com agentes da corporação. Ontem, o ouvidor geral da Polícia de Minas Gerais, Paulo Vaz Alkmin, afastou a hipótese de atuação de milícias no local, durante visita à Serra.

Segundo o ouvidor, o órgão recebeu cinco denúncias contra policiais na região em 2010.

- As reclamações incluem desvio de conduta, violência física e verbal. Enfim, abuso de autoridade e excesso de rigor.

Ele acrescentou que uma das acusações era de que militares estariam cobrando propina de traficantes. Também será apurada a informação de que homens da Rotam seriam donos da maioria das máquinas caça-níquel do aglomerado.

Mas Alkmin descartou a hipótese de que uma milícia esteja atuando livremente na favela.

- Para se considerar uma milícia, seria necessário identificar uma base fixa na região, onde policiais estivessem controlando o comércio e serviços como distribuição de gás, energia elétrica, internet e TV a cabo.

Todas as denúncias foram encaminhadas para o Setor de Inteligência da PM.

A apuração das queixas, porém, surte pouco efeito sobre uma comunidade ainda aterrorizada com as mortes de Jefferson Coelho da Silva, 17 anos, e Renilson Veriano da Silva, 39. Na terça-feira, duas das sete escolas da região permaneceram fechadas de manhã. Três linhas de ônibus que tiveram veículos carbonizados durante o final de semana não voltaram a circular pelas vilas. Parte dos imóveis continuava sem energia elétrica.

Também presente no aglomerado, o assessor de Comunicação da PM, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, garantiu que todos os serviços serão regularizados. Segundo ele, seria realizada uma reunião com empresários do setor de transporte para avisá-los de que a “situação está sob controle” e que, por isso, as atividades podem ser retomadas.

A diarista Eliane Dias dos Santos, 44 anos, mostrou hematomas por todo o corpo. As lesões seriam resultado de um espancamento.

- No último domingo, a polícia invadiu o morro com muita violência. Tentei apenas proteger algumas crianças, mas em troca recebi chutes e socos.

O tenente-coronel Alves assegurou que todos os casos serão investigados.

Prisão

O Ministério Público avalia pedir a prisão preventiva de dois dos quatro policiais envolvidos nas mortes dos civis no Aglomerado da Serra. A decisão deve sair até o fim da semana.

A possibilidade do pedido de prisão foi anunciada pelo promotor Rodrigo Filgueira, que acompanha o caso. Ele esteve na segunda-feira (21) no DI (Departamento de Investigações, na Lagoinha, durante os depoimentos de testemunhas e parentes das vítimas.

Uma jovem de 15 anos, que seria namorada de uma das vítimas, desmaiou e teve que ser levada para o Hospital Odilon Behrens. Também deram suas versões do fato uma moradora que teria presenciado os dois assassinatos, e que foi incluída no Programa de Proteção à Testemunha; um amigo da família; o pai de uma vítima e um tio do rapaz.

Fonte: R7

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Milícia de Belo Horizonte, MG, aterroriza, mata e pratica extorsão contra favelados

Polícia ouve três testemunhas sobre assassinatos no Aglomerado da Serra


Deputados cogitam pedir fechamento da Rotam por causa de denúncias sobre milícias


Belo Horizonte, MG, 22/02/2011 - A Polícia Civil houve na manhã desta terça-feira, os depoimentos de três testemunhas para tentar esclarecer as mortes de Renilson Veriano da Silva, de 29 anos, e de Jeferson Coelho da Silva, o Jefinho, de 17. Eles foram mortos durante uma ação da Polícia Militar no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de BH. Militares da Rotam afirmam ter sido recebidos com tiros no aglomerado e moradores negam essa versão.

A população está revolta da com as mortes e iniciou uma série denúncias contra a Rotam, inclusive com informações de que o batalhão age recebendo propina de traficantes do morro.


Saiba mais...




















Deputados



Durante uma audiência pública na Praça Cardoso, dentro do Aglomerado da Serra, deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, afirmaram que, baseados nas denúncias de moradores, vão pedir a interdição da Rotam.



Os parlamentares ouviram a população e conseguiram levantar uma nova denúncia, militares estariam envolvidos em esquemas de caça níqueis. Todas as alegações da população serão apuradas pela PM. A Corregedoria da corporação vai instalar uma ouvidoria itinerante no aglomerado para colher denúncias dos moradores.





Fonte: Estado de Minas