domingo, 27 de maio de 2007

30 ANOS DEPOIS, A FALANGE AZUL REINVIDICA O RJ


Milícias expulsam os traficantes e já controlam 92 favelas da cidade do Rio.


Os jornais "O Globo" e "Extra" trouxeram reportagens neste domingo, 17/12/2006, mostrando o crescimento das milícias nas favelas do Rio de Janeiro. Segundo a reportagem do "Globo", a cada 12 dias, uma favela dominada pelo tráfico é tomada por milícias no Rio. O fenômeno é coordenado por agentes de segurança púublica, políticos e líderes comunitários, como diagnostica relatório elaborado há dois meses pelo Gabinete Militar da prefeitura do Rio. Informações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança ressaltam que, em apenas 20 meses, o número de comunidades dominadas por esses grupos saltou de 42 para 92. A Prefeitura do Rio calcula que 55 comunidades estão em poder destes grupos.

— Este avanço dessas Autodefesas Comunitárias (ADCs) mostra que o combate ao narcovarejo nas comunidades não é uma questão sofisticada, mas de presença da polícia e de motivação — afirma o prefeito Cesar Maia.


Ocupações só são possíveis com apoio das comunidades

Formadas por policiais e ex-policiais militares, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares, muitos deles moradores das comunidades, essas milícias passaram a empregar a estrutura do estado como base para suas ocupações. Segundo o comandante do Bope, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, a expansão desses grupos só é possível com apoio da população local e a participação informal de parcela das unidades policiais dessas regiões:

— O policial faz vista grossa no momento da invasão, se ausentando do local. Depois que a milícia se instala, o policiamento retorna, desta vez para impedir o retorno dos traficantes. Este é um fenômeno que vem de dentro do poder — diz o comandante, que há três anos vem estudando o problema.

Para explicar a eficácia das milícias na expulsão do tráfico de drogas de comunidades carentes, o coordenador do Gabinete Militar, coronel Marcos Antonio Amaro, cita em seu relatório um exemplo bastante simples:

— Um menor flagrado com maconha pelo PM fardado é preso em flagrante, conduzido à DP, assume o compromisso de comparecer posteriormente em juízo, ganha liberdade imediata e retorna à favela, onde reincidirá no crime. Já o menor flagrado com maconha por integrantes da “mineira” recebe imediatamente um corretivo físico e psíquico. É encaminhado à presença dos pais e ameaçado de morte, caso volte a reincidir. O Estado tem que agir dentro da legalidade, enquanto que a milícia, não.

Moradores apóiam proibição do uso de drogas nas favelas

"O Globo" ouviu moradores de comunidades dominadas por grupos formados por integrantes das forças de segurança. Embora reclamem dos valores das taxas, sete dos dez moradores — todos os nomes citados são fictícios — acreditam que a presença das milícias diminui a sensação de insegurança.

O principal aspecto ressaltado pelos moradores está no fato de os milicianos não permitirem o uso e venda de drogas nas favelas dominadas, evitando que as crianças vejam cenas de pessoas se drogando. Outro ponto citado nas conversas como positivo está relacionado ao fim dos tiroteios entre grupos rivais ou mesmo policiais, o que geralmente resulta em vítimas inocentes de balas perdidas.

A inspetora Marina Maggessi, deputada federal eleita, não acredita que todos os moradores de favelas dominadas por grupos para-militares sejam obrigados a pagar taxas de “proteção”. Ela alimenta a polêmica ao afirmar que as milícias são, em sua maioria, um movimento de reação da massa policial, que também vive em favelas, "tentando resgatar sua dignidade e ao mesmo tempo proteger sua família e a comunidade"

- Todo rico tem segurança privada. E o dono da segurança é um coronel ou delegado que subcontrata os praças. A segurança do pobre é a milícia. Seja o policial fardado trabalhando, seja a segurança que o coronel contrata para o condomínio ou seja a milícia, os atores são os mesmos — argumenta Marina.

O que me espanta é a memória rateante deliberada. Assim vimos em meados dos anos 70 o surgimento, pela mesma omisão e burrice estatal a criação da Falange Vermelha, no Instituto Penal Cãndido Mendes, na Ilha Grande, Rio de Janeiro, que mais tarde seria denominada como Comando Vermelho, nome através do qual hoje é reconhecida.

Quando o atual movimento "miliciano", que na verdade é criminoso, que apenas não trafica (por enquanto) se tornar um "Comando Azul", tipo
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ou ELN (Exército de Libertação Nacional) aos moldes colombianos, então poderá ser tarde demais. E mais, será uma guerra urbana e com criminosos organizados e dificil de serem combatidos.

Grana terão. De cada família pagando por proteção, agio no botijão de gaz e
netgato, chega a casa de quarenta reais para cada.

Multipliquem e chegamos hoje facilmente a casa do milhão de reais mensais. Com o passar do tempo e com a tomada de mais favelas, esse poder paralelo terá muitos milhões para se auto-financiar. Sem tráfico.

Muitos, inocentemente acreditam que essa é a melhor solução. Mas é que ainda não começaram a matar juízes, promotores e bons policiais, além de praticarem a extorsão consentida por nossa conivência silenciosa ou burra.

Combatê-las amanhã... será tarde demais.

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