sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Milícias no RJ: Filho de Jerominho é julgado no Rio de Janeiro por tentativa de homicídio contra dois milicianos



Filho de Jerominho é julgado no Rio de Janeiro por tentativa de homicídio contra dois milicianos


Testemunhas de acusação recuaram e não reconheceram os réus

 

Rio, 25 fev de 2011 - O julgamento de Luciano Guimarães e de outros cinco réus acusados de integrar a milícia Liga da Justiça por tentativa de homicídio contra outros homens suspeitos de atuar em outro grupo de milicianos começou nesta quinta-feira (24) com uma reviravolta no depoimento das duas principais testemunhas de acusação.

Filho do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho, Luciano assumiu a chefia da milícia que atuava em Campo Grande, na zona oeste do Rio, após a prisão do pai e do tio, o ex-deputado Natalino Guimarães. Preso desde setembro de 2008, ele veio ao Rio participar do júri sob forte esquema de segurança, ao lado de Moisés Pereira Maia Junior e Julio Cesar de Oliveira, que também fazem parte do mesmo grupo e estão presos na penitenciária de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Vítimas de uma emboscada em 2008 e testemunhas de acusação, o fuzileiro naval Carlos Eduardo Marinho e o ex-PM Marcelo Bezerra voltaram atrás e negaram que os seis tenham sido os autores do atentado cometido contra eles em maio daquele ano. Na ocasião, os dois seguiam pela rua Ari Curi em uma caminhonete quando foram fechados por outro carro. O veículo onde estavam foi atingido por pelo menos 35 disparos, em plena luz do dia.

Os dois haviam dito em juízo e durante o inquérito conduzido pela delegacia de Campo Grande (35º DP) que reconheceram os autores dos tiros e que a emboscada foi motivada por uma disputa por parte e um terreno do condomínio Parque dos Eucaliptos, no mesmo bairro.

Marinho, que trabalhava como segurança do lugar e segundo o então titular da 35º DP, o delegado Marcos Neves, era ligado ao grupo do ex-deputado Jorge Babu, teria se negado a atender o pedido de Natalino, que queria construir no local um centro social para a sobrinha, a ex-vereadora Carminha Jerominho.

Mas, ao abrir os trabalhos do júri nesta quinta, Marinho surpreendeu a acusação ao dizer acreditar que tenha sido vítima de um assalto comum e que não reconheceu nenhum dos seis homens que estavam sentados no banco dos réus. O autor da denúncia, o promotor Luciano Lessa, se irritou com a postura do réu, que disse ter assinado os depoimentos sem ler. O promotor ressaltou que as denúncias feitas por ele foram determinantes para manter os réus em regime fechado para garantir a segurança dos dois, que conseguiram escapar da emboscada.

“- O seu depoimento está jogando por terra todas as medidas tomadas para a sua segurança. Agora não sei o que estou fazendo aqui.”

Marinho gaguejou ao ser questionado por diversas vezes se manteria a versão de assalto e ao dizer que “em uma emboscada como essa é normal quando a vítima tenta fugir”.

“- Faço uso de remédios. Fiquei chocado quando soube dos depoimentos.”

Ambos negaram ter sido maltratados ou coagidos durante o depoimento na delegacia.

Arrolado pela defesa como testemunha, o delegado Marcos Neves, disse acreditar que a dupla tenha recuado após ter sido ameaçada pelos milicianos ou feito um acordo para retirar as acusações, com vantagens financeiras.

Ele conta que no dia do crime foi ao hospital onde Marinho foi socorrido e disse que o fuzileiro naval estava com “muito medo de morrer” e se negou a falar com os policiais. Segundo Neves, um delegado da Polícia Federal que também foi fuzileiro o convenceu a contar o que realmente aconteceu, alguns meses depois, na delegacia.

- Ele contou que se recusou a entregar o local para uso em campanha política e que por isso foi vítima do atentado.

Presa em agosto de 2008 por crime eleitoral, Carminha Jerominho assistia ao julgamento na primeira fila do plenário.

Ela chegou a ser levada para a presídio de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, mas hoje responde ao processo em liberdade.

Até as 16h, os réus e três testemunhas de defesa ainda não haviam sido ouvidos.


Fonte R7

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