sexta-feira, 25 de maio de 2012

Milícia comanda futebol no Rio de Janeiro





Milícia cria time de futebol para tentar enganar a polícia.









Rio, 25/05/2012 - Fumão, Luciano Guinâncio, Leandrinho Quebra-Ossos, Fabinho Gordo e Malvar; Juninho Perneta, Jerominho, Natalino, Henrique e Batman; Tony Ângelo e Carlão. Não fosse formação de quadrilha, essa poderia ser a escalação inicial de um jogo de futebol envolvendo o Explosão Futebol Clube. Fundado em 2007 e com sede no bairro de Campo Grande, mais precisamente no sub-bairro Bela Vista, o time é hoje administrado pela maior milícia que atua na Zona Oeste. Da escalação, nove estão presos e apenas dois, os atacantes, são procurados.

Investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Organizadas (Draco) detectaram que o grupo começou a explorar o campo, invadindo o que deveria pertencer à comunidade. A sede do Explosão Futebol Clube foi construída em um terreno cedido pela prefeitura para que fosse feito um campo de futebol para a população.

De acordo com o delegado Alexandre Capote, titular da Draco, há suspeitas de que os milicianos estariam usando a marca do time para tentar dar legitimidade ao grupo. Com isso eles estariam tentando apagar o verdadeiro nome pelo qual hoje é conhecida a milícia na região.

— Temos suspeitas de que eles estariam querendo dar nova cara ao grupo. O campo seria um disfarce para eles se reunirem e marcarem suas ações — disse Capote.

O Explosão é um time amador que costuma disputar campeonatos de bairros em diversas categorias. Antes administrado por uma associação de moradores, ele hoje tem no ex-PM Carlos Henrique Garcia Ramos, de 33 anos, seu administrador. Ao ser preso, ele admitiu que cuidava do campo e afirmou que o time pertencia a um grupo de amigos.

O time tem como símbolo uma bomba. A paixão dos milicianos pelo clube fez com que eles começassem, inclusive, a tatuar o símbolo no corpo. Henrique e Célio Alves Palmas Junior têm a imagem na perna. Os dois foram presos na semana passada, juntamente com Luciano Alves da Silva, durante uma operação da Draco contra escritórios de agiotas agindo a serviço dos milicianos.

— Entre os documentos que apreendemos nos escritórios de agiotagem da milícia também encontramos esse símbolo da bomba. Por isso estamos investigando essa nova estratégia do grupo — afirmou Capote.

A bomba também aparece na sede do clube no muro das arquibancadas e na parede dos vestiários.

Investigando a nova estratégia da milícia de arrecadar dinheiro com a agiotagem, policiais da Draco descobriram que Henrique era um dos responsáveis por coordenar os diversos escritórios que eram montados, principalmente em Campo Grande, para extorquir dinheiro de pessoas desesperadas.

O ex-PM foi preso na semana passada junto com Leonidas Wernech Barbosa e Célio Alves Palmas Junior. Eles se preparavam para receber R$ 100 mil de um empresário de Campo Grande.

De acordo com o delegado Alexandre Capote, a vítima passou por dificuldades durante algum tempo e precisou de dinheiro. Quando foi pagar, descobriu que sua dívida era muito maior.

— Eles costumavam continuar extorquindo suas vítimas mesmo depois de elas terem pago o valor. No caso desse empresário, ele conseguiu se levantar e por isso despertou a ganância do grupo — explicou Capote.

Habeas corpus

Henrique já havia sido preso na mesma ocasião em que Jerominho, um de seus chefes, também foi parar atrás das grades. Eles conseguiu habeas corpus e respondia às acusações em liberdade. No momento da prisão, um dos milicianos guardava R$ 3.200 escondidos na cueca.
O delegado Alexandre Capote disse que ainda vai analisar todos os documentos encontrados nos escritórios de agiotagem — aproximadamente 25 foram vasculhados. Ele investiga ainda se o Explosão seria útil em alguma outra atividade ilícita praticada pela milícia da Zona Oeste.

Blindado

Quando foi preso, o ex-PM estaca dirigindo um Corolla blindado que estava no nome de uma mulher. Segundo o delegado, o valor do carro não é compatível com a renda dele.

Dívidas

A pressão dos agiotas da milícia era tão grande que as vítimas costumavam pagar suas dívidas com joias, que eram derretidas posteriormente.

Rio das Pedras

De acordo como delegado Alexandre Capote, outros grupos de milicianos também costumam explorar campos de futebol em suas comunidades. O fato é investigado em Rio das Pedras.

Lucros

Henrique cobrava até 100% de juros.

Presos
Até março desse ano, 692 milicianos, entre eles policiais civis e militares, foram presos desde que esse tipo de crime começou a ser investigado.

Fonte: Extra

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